quinta-feira, 24 de julho de 2008

UM OLHAR SOBRE O PALCO





Não, não tenho a intenção da crítica, pois não sou a pessoa mais capaz nem profissional dotada de 'know how' para falar sobre isso. Tenho apenas uma simples visão de expectadora na platéia. A peça assistida por mim ÁLBUM DE FAMÍLIA , do autor Nelson Rodrigues, de quem já havia lido muitas crônicas na antiga Revista Cruzeiro editada lá pelos idos anos 60...depois Realidade - retirada de circulação no período da ditadura militar, muito criticado também, encenada pelos alunos concluintes do curso de teatro do Cefar, muito me agradou pela produção, cenário, plasticidade, movimento e figurino. 

A Produção muito bem feita destoou porém, do espaço onde foi encenado. 
O Cenário rico em elementos, formado por peças simples que serviam para todos os momentos da peça, assim como os próprios personagens que além de terem papéis na história desenvolvida, também eram parte integrante do cenário. A Plasticidade corporal foi a marca da peça, tornando-a rica pela expressividade chocante do tema ( mesmo nos dias atuais ainda choca aos mais dados a sutilezas do tema!). 
O Movimento apresentado em todo decorrer da peça lembrou-me sobremaneira o movimento sutil do tempo que num vai-e-vem constante, leva e traz fatos que tanto nos pode trazer pequenas alegrias como grandes tristezas e decepções. 
O Figurino apropriado à época, mostrava toda a hipocrisia do contexto, que não deixava de também ser a hipocrisia social mostrado em 'Album de Familia'. 
Os personagens foram todos bem interpretados pelos artistas concluintes....claro que dentro das condições emocionais da primeira vez, mas com certeza muito foi melhorado desde o primeiro dia da estréia até término da temporada. E muito irá melhorar ainda, pois cada dia é sempre uma nova estréia! 
A ressalva fica por conta do espaço físico que prejudicou bastante o brilhantismo da peça, pois uma produção como a que foi realizada, deveria ter sido mais valorizada e apresentada em outro espaço, não desmerecendo o local onde foi apresentado, mas ela ( a peça ) requeria uma platéia localizada acima do palco, para que a visão global fosse facilitada aos assistentes, evitando assim o vai-e-vem de cabeça para acompanhar os personagens "espelhados e espelhantes". Com a falta disso, muito se perdeu - e azar o nosso-platéia, pois quem conseguiu absorver tudo o que se passou na peça conseguiu, quem não conseguiu não conseguirá mais.
Saí do teatro com uma interrogação - e acredito que outros também saíram - Por que o Palácio das Artes não cedeu seu espaço para este evento, afinal era a 'peça-formatura' dos artistas que estudaram por todo o tempo em seu próprio espaço...??? 
Teria sido um enriquecimento mútuo, além de oportunizar maior valorização de seu próprio investimento...

Um pote de OURO-MERDA para coroar a estréia daqueles que fizeram este "Album de Família" no mundo da arte!