sexta-feira, 21 de novembro de 2008

ENCANTAMENTO



As luzes se apagam na platéia, apenas no palco brilha uma luz tênue. Artistas executam o bailado ao som de uma música de impacto.


Em meio a penumbra um rosto se destaca. Estranha sensação me faz fixar o olhar no rosto e no movimento que percorre todo o palco. São duas luzes além das artificiais e tudo muda ao meu redor e em mim.


Não sei bem como se dá o processo energético entre corpos, mas a necessidade de vislumbar o mesmo olhar ficou em mim. Sonhos dourados passei a cultivar, plantei flores no meu jardim e mil estrelas brilharam nas minhas trevas noturnas e os dias nasciam sempre cheios de sol. Estava em estado latente de amor


Durou o rasgo de relâmpago o tempo de amor e de ideal, mesclado de inseguranças, de dúvidas e incertezas, porém intenso, forte e arrebatados. Durou em convivência e paixão. Libertou a mulher dos medos, das barreiras e dos preconceitos.


Fui feliz?
-Que meu amor fosse 'eterno' eu queria, que a vida o perpetuasse eu desejava. Mas as pessoas se fazem areia do mar em nosssas mãos e escorregam e partem... e ele partiu.

E foram tantas as partidas que resolveu então lá ficar.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ÁS VOLTAS COM O TEMPO


" A PIOR BATALHA É AQUELA EM QUE AS FORÇAS DE DOIS CAVALOS SE MEDEM DENTRO DO HOMEM. QUALQUER UMA DELAS QUE VENÇA, O HOMEM CAIRÁ DE JOELHOS POR NÃO TER VENCIDO A SI MESMO".



Lembro-me nitidamente do padre alto e loiro de olhos azuis e serenos. Lembro-me da voz que dizia:" O Senhor esteja convosco".


Lembro-me também de uma criaturinha miúda a se aconchegar a mim, pegar -me a mão firmemente e se posicionar de costas pra mim, à minha frente.Um cuidado para com a criança enche-me o coração. É preciso com ela ficar até que os pais apareçam. Estranho a demora em alguém procurar pela criança, mas há ainda muita missa pela frente.


Por fim a hora da comunhão é chegada. Sinto uma força estranha a me puxar para a frente e para tráz. E aí de repente, a criança começa a andar segurando minha mão e obrigando-me a seguí-la.


Entro na fila da comunhão e sigo-a como um autômato ou quem sabe, deixo-me levar como um naufrago que se abandona às ondas revoltas do mar. Paro diante do padre. Ao abrir a boca para receber a hóstia, a criança aperta mais uma vez a minha mão e depois as solta. De frente a mim, olha-me só mais um instante, sorrí, dá as costa e se vai .


Nunca mais a ví...Minto. Sua imagem ficou gravada no meu coração e mudou para sempre o meu caminho.!


Ah, bom lembrar que na época deste acontecimento era totalmente atéia. (Rio-me de mim mesma!)


No sábado seguinte lá estava eu a espera de não sei o quê, mas sabia que naquele local pessoas se reuniam em torno de um nome:JESUS.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

DUALIDADE



Mesmo que mudemos, podemos ser às vezes, censurados porque optamos por nós mesmos, subvertemos a ordem das coisas.

Ao mundo não importa o que suportamos, o que fazemos, quais fracassos acumulamos, quantas vitórias obtemos, quantas lágrimas choramos, o mal ou o bem que praticamos.

Importa ao mundo quais as roupas ela nos vestiu e quais as opiniões que dela acatamos e assumimos.Nunca nos perguntam se somos felizes ou se com elas nos rebelamos. Portanto não devemos nos importar se nos acolhem ou se nos expulsam; se nos aceitam ou se de nós se afastam; se nos aplaudem ou se nos criticam. Importam-nos apenas ter a consciência limpa e o livre arbítrio se ser o que somos e se com isso conseguimos ser felizes.

E ser feliz é não sentir como os outros sentem, porque somos únicos. Porque é fácil ser altruísta para com os outros, difícil é sê-lo com nós mesmos.

Para sermos felizes, às vezes, é necessário o isolamento físico de pessoas, pois compreensão de nossa própria vida só nós a temos, assim como o entendimento do que somos e a extensão quantitativa do que sentimos.