sexta-feira, 21 de novembro de 2008

ENCANTAMENTO



As luzes se apagam na platéia, apenas no palco brilha uma luz tênue. Artistas executam o bailado ao som de uma música de impacto.


Em meio a penumbra um rosto se destaca. Estranha sensação me faz fixar o olhar no rosto e no movimento que percorre todo o palco. São duas luzes além das artificiais e tudo muda ao meu redor e em mim.


Não sei bem como se dá o processo energético entre corpos, mas a necessidade de vislumbar o mesmo olhar ficou em mim. Sonhos dourados passei a cultivar, plantei flores no meu jardim e mil estrelas brilharam nas minhas trevas noturnas e os dias nasciam sempre cheios de sol. Estava em estado latente de amor


Durou o rasgo de relâmpago o tempo de amor e de ideal, mesclado de inseguranças, de dúvidas e incertezas, porém intenso, forte e arrebatados. Durou em convivência e paixão. Libertou a mulher dos medos, das barreiras e dos preconceitos.


Fui feliz?
-Que meu amor fosse 'eterno' eu queria, que a vida o perpetuasse eu desejava. Mas as pessoas se fazem areia do mar em nosssas mãos e escorregam e partem... e ele partiu.

E foram tantas as partidas que resolveu então lá ficar.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ÁS VOLTAS COM O TEMPO


" A PIOR BATALHA É AQUELA EM QUE AS FORÇAS DE DOIS CAVALOS SE MEDEM DENTRO DO HOMEM. QUALQUER UMA DELAS QUE VENÇA, O HOMEM CAIRÁ DE JOELHOS POR NÃO TER VENCIDO A SI MESMO".



Lembro-me nitidamente do padre alto e loiro de olhos azuis e serenos. Lembro-me da voz que dizia:" O Senhor esteja convosco".


Lembro-me também de uma criaturinha miúda a se aconchegar a mim, pegar -me a mão firmemente e se posicionar de costas pra mim, à minha frente.Um cuidado para com a criança enche-me o coração. É preciso com ela ficar até que os pais apareçam. Estranho a demora em alguém procurar pela criança, mas há ainda muita missa pela frente.


Por fim a hora da comunhão é chegada. Sinto uma força estranha a me puxar para a frente e para tráz. E aí de repente, a criança começa a andar segurando minha mão e obrigando-me a seguí-la.


Entro na fila da comunhão e sigo-a como um autômato ou quem sabe, deixo-me levar como um naufrago que se abandona às ondas revoltas do mar. Paro diante do padre. Ao abrir a boca para receber a hóstia, a criança aperta mais uma vez a minha mão e depois as solta. De frente a mim, olha-me só mais um instante, sorrí, dá as costa e se vai .


Nunca mais a ví...Minto. Sua imagem ficou gravada no meu coração e mudou para sempre o meu caminho.!


Ah, bom lembrar que na época deste acontecimento era totalmente atéia. (Rio-me de mim mesma!)


No sábado seguinte lá estava eu a espera de não sei o quê, mas sabia que naquele local pessoas se reuniam em torno de um nome:JESUS.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

DUALIDADE



Mesmo que mudemos, podemos ser às vezes, censurados porque optamos por nós mesmos, subvertemos a ordem das coisas.

Ao mundo não importa o que suportamos, o que fazemos, quais fracassos acumulamos, quantas vitórias obtemos, quantas lágrimas choramos, o mal ou o bem que praticamos.

Importa ao mundo quais as roupas ela nos vestiu e quais as opiniões que dela acatamos e assumimos.Nunca nos perguntam se somos felizes ou se com elas nos rebelamos. Portanto não devemos nos importar se nos acolhem ou se nos expulsam; se nos aceitam ou se de nós se afastam; se nos aplaudem ou se nos criticam. Importam-nos apenas ter a consciência limpa e o livre arbítrio se ser o que somos e se com isso conseguimos ser felizes.

E ser feliz é não sentir como os outros sentem, porque somos únicos. Porque é fácil ser altruísta para com os outros, difícil é sê-lo com nós mesmos.

Para sermos felizes, às vezes, é necessário o isolamento físico de pessoas, pois compreensão de nossa própria vida só nós a temos, assim como o entendimento do que somos e a extensão quantitativa do que sentimos.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

UMA ROSA É UMA ROSA



É próprio do homem a incoerência. Foi em pleno uso dela que a rosa do Pequeno Principe - Saint-Éxupery, se encheu de vaidades e de desdém fazendo-o partir para depois chorar o amor já ido para outro planeta.

É próprio do homem amar sem querer e às vezes sem nem o perceber. Também o Pequeno Príncipe partiu em busca de outras rosas - para esquecer a sua - e descobriu milhões de outras no seu universo.

Amamos e desejamos deixar o amor partir, outras tantas vezes, somos nós quem partimos e deixamos o porto seguro para trás. Lamentamos, choramos, 'chutamos lata até' , lamentamos nossa ação!

É esta incoerência de ações que nos faz refletir, descobrir que somos seres humanos que erram, acertam, seguem em frente, retrocedem sobre os próprios passos, choram e riem, construindo a própria história.

Importante de tudo isso é a busca da felicidade. Não podemos contudo esquecer de buscá-la dentro de nós mesmos - além das trincheiras da gente! Ou dentro do jardim da gente , porque uma rosa é uma rosa, é uma rosa, é uma rosa!

A essência da rosa é o amor que existe sempre dentro da gente.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

SINAIS DE AMOR




Tudo foi criado para o homem, mas onde estão os homens?

Caminham como em caravanas no deserto de sua própria solidão.

Esqueceram-se de que fora do amor tudo é ilusão!

A amizade muito procurada já não é encontrada porque os homens não se encontram, se esbarram; não se relacionam, se usam; não se falam, gritam; não pedem, exigem. As palavras já não aproximam, afastam. O beijo não é uma demonstração de carinho, é posse ou obrigação!

Não praticam a amizade visceral - a que vem de dentro, porque esta exige tempo (assim como a natureza) pra brotar, crescer, dar frutos! A que exige cuidado e atenção para fortalecer e estar presente nos contratempos do dia-a-dia. Não precisa muito, apenas um olhar de ternura, um sorriso aberto ou um simples cocar de cabeça bastam.

Exige comunicação culminante, onde tudo se baseia profundamente na honestidade, na confiança, na sinceridade. Onde haja comunhão emocional e pessoal completa. Onde os anseios são compartilhados e as alegrias e tristezas duplicadas no amigo com perfeição tal que ambos se tornam instrumentos tocando exatamente a mesma nota e emitindo o mesmo som harmoniosamente.

Aí, exatamente neste ponto da amizade, está morando o amor! Hoje, porém, vivemos a velocidade supersônica. Tudo é pressa, tudo é para ontem, e o amor exige tempo; não é mágica, é real e o real é a perfeição e a perfeição é o eterno...

O amor é luz, observe os rios. O amor é movimento, observe os ventos. O amor é liberdade, observe os pássaros. O amor é responsabilidade, observe as árvores. O amor é trabalho, observe as abelhas. O amor é renovação, observe o amanhecer. O amor é contraste, observe o dia e a noite!

Aqui mora o Maio problema do homem...
Como a natureza se doa sem nada esperar em troca, assim deve o homem proceder. Ele precisa buscar dentro de si o caminho do coração para tornar-se um ser em harmonia com sua própria condição de homem e sair do imenso e árido deserto que ele se tornou, pois no deserto está a morte e para viver o processo amoroso da criação é necessário portanto a sinalização da vida:

OLHE que todo amor é amizade, mas nem toda amizade é amor.

PARE pois é preciso usar as coisas e amar as pessoas.

SIGA no dever de amar a si mesmo e "as pessoas como se não houvesse amanhã".


...Lá longe um pássaro gorjeia e um outro responde com um alegre bem te vi.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

INSPIRAÇÃO MATINAL




      O dia amanhece.

   Sinto a solidão da presença humana, mas ao longe a natureza
fala através dos pássaros que agradecem por mais um dia.

   A sinfonia matinal me saúda com o Bem-te-vi...

 Quisera que os homens ao raiar da nova esperança que o dia traz, também tivessem no olhar tristonho e na face sisuda a alegria e a disposição para dizer “bem te vi” para as surpresas que o novo dia traz, sejam alegres ou tristes, porque são elas o contraste dinâmico da vida.

  Como a natureza, sonhamos a liberdade. Pássaros imigrantes, animais nômades buscando novos campos, águas deslizantes suaves rumo ao mar. Usam da liberdade para sobreviver, mas também para beneficiar. Praticam da graça do oficio do bem. Dão o dom da vida. Pássaros, bichos e insetos, no decorrer do pouco tempo de vida que têm equilibram ecologicamente o planeta.

  Veja a lição do urubu – pássaro necrófilo, de cor lutamente tristonha, com sua fome limpa a natureza dos destroços da morte.

   Observe as abelhas, que famintas vão de flor em flor recolhendo alimentos que energizam o homem e adocicam sua boca!

   Olhe os rios que percorrem seu caminho rumo ao mar, fertilizando a terra, matando a sede, iluminando caminhos gerando riquezas. Sempre pronto a dar!

   Veja o verde a sua volta: tranqüiliza e dá paz ao coração e ainda limpa o ambiente de gazes que eliminaria o ser humano da terra e o oxigena para que a vida se renove a cada instante e, contente com sua solidão, se solidifica em um só lugar, embeleza os campos, perfuma os caminhos. De presente se dá a cada estação.

  Toda a natureza existe desempenhando seu papel com responsabilidade para que o homem seja feliz.

...Ao longe alguém saúda ainda o dia...

Tudo está no seu lugar!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Transmutação




A transformação se opera no silêncio

e a realidade é uma nova forma de ilusão dos sentidos...

...e então tudo muda!

Do infinito de nós surge a transmutação

e somos os que não somos: um novo corpo,

um novo rosto, uma nova voz.

A diferença se faz igual, nova, única;

Mas também se faz diferente:

os novos sonhos,

o novo falar,

o novo sentir,

a nova visão de mundo

e uma nova sensibilidade a se aguçar.

A ressonância do pensar se propagando ao infinito

se unem criando uma imagem

resplandecente ao longe

cada vez mais perto de mim.

E te toco e te sinto amados seres

advindo de minhas entranhas,

energia primeira,

solta,

liberta,

que se aprisiona e me falas,

e me emocionas num doce enlevar:

“- És vida, és ainda vida,

Continue sempre a amar...”

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

SUBLIMAÇÃO DE AMOR



Chega o dia em que vemos despertar em nosso peito uma explosão de sentimentos que eleva para o ar partículas energéticas que se expandem cada vez mais.
Dá uma grande emoção a sensação de um olhar de ternura sobre nós... Neste frêmito emotivo pairamos no ar como de levitássemos num êxtase oracional.

Este sentir é um enorme gerador de energia que impulsiona à ação e com ela aprendemos a ser coletivos.
Não há mais o eu; somos o nós, posto que " não é possível ser feliz sozinho". E buscamos o outro não mais para a satisfação de nossos desejos, mas para juntos evoluirmos como seres amorosos.

Esse processo induz ao surgimento da amizade - forma de amor com doses menores de emoções negativas - porque estão no âmago do ser humano, na busca incessante do não isolamento, da presença edificante de um ser que é o complemento de vida.


É um sentir visceral que surgindo de dentro para fora se expande e na ausência se eterniza.

Percebe-se que o ser amado nada mais é do que o aqui e o agora do amor, pois mesmo que parta, fica dentro de nós - e somos a morada do amor.
Mesmo distante existe a saudade onde está a presença do que se foi; há a voz e a imagem na recordação que, num simples fechar de olhos traz de volta ao presente o passado há muito ido.
Há além de tudo a certeza de que ainda nos encontraremos, pois o amor está contido na eternidade que somos nós.

domingo, 17 de agosto de 2008

CORROSÃO DE AMOR


Muito se tem alardeado as falas de amor: nelas se juntam como ingredientes fermentados sentimentos de desejos e paixões... Claro que isso é bom. É o cheiro da pele do outro que seduz, é o toque arrepiador, o sabor do beijo que inflama todas as nuances do rubor do climax. E isto nos acostuma.
Acostuma mas não devia, porque deste costume meio"fora de nossa hora e de nosso espaço" é que começa a existir a rotina que antecede as mudanças no sentir do amor. E é este o momento em que se inicia o processo de tentar possuir o outro ao em vez de querer estar com o outro, e quando menos se espera surge o ciúme, que nada mais é que o medo de perder, mas pensando bem perder o quê, se a ninguém possuímos e ninguém é objeto comprável em supermercados ou em shopping center? Imbuídos então por este sentir se parte indubitavelmente para um policiamento cirrado ao outro. Telefonemas são vigiados, emails lidos às escondidas e se, não se vai atrás do outro qual detetive, uma varredura ( quase total, se assim fosse possível) é feita na vida do outro. Se deseja tornar-se sabedor até dos pensamentos!!!
E corroe-se em sentimentos negativos, anula-se em favor daquele a quem se julga amar e o que é pior é que tornamo-nos invisíveis! No entanto desejamos aprisionar o ser amado (?) a todo custo e o sufocamento que isso provoca vai cerceando o sentir do outro, até chegar a exaustão, a fuga e o esquecimento de nós. E a tudo isso ainda chamamos de amor até percebermos que ao correr tanto atrás do outro, nos esquecemos ou nos perdemos à beira do caminho.

Pode-se até achar isso um tanto óbvio, mas é no óbvio, exatamente por ser tão óbvio, que é subestimado, então pecamos contra nós mesmos e depois muito nos arrependemos...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

UM OLHAR SOBRE O PALCO





Não, não tenho a intenção da crítica, pois não sou a pessoa mais capaz nem profissional dotada de 'know how' para falar sobre isso. Tenho apenas uma simples visão de expectadora na platéia. A peça assistida por mim ÁLBUM DE FAMÍLIA , do autor Nelson Rodrigues, de quem já havia lido muitas crônicas na antiga Revista Cruzeiro editada lá pelos idos anos 60...depois Realidade - retirada de circulação no período da ditadura militar, muito criticado também, encenada pelos alunos concluintes do curso de teatro do Cefar, muito me agradou pela produção, cenário, plasticidade, movimento e figurino. 

A Produção muito bem feita destoou porém, do espaço onde foi encenado. 
O Cenário rico em elementos, formado por peças simples que serviam para todos os momentos da peça, assim como os próprios personagens que além de terem papéis na história desenvolvida, também eram parte integrante do cenário. A Plasticidade corporal foi a marca da peça, tornando-a rica pela expressividade chocante do tema ( mesmo nos dias atuais ainda choca aos mais dados a sutilezas do tema!). 
O Movimento apresentado em todo decorrer da peça lembrou-me sobremaneira o movimento sutil do tempo que num vai-e-vem constante, leva e traz fatos que tanto nos pode trazer pequenas alegrias como grandes tristezas e decepções. 
O Figurino apropriado à época, mostrava toda a hipocrisia do contexto, que não deixava de também ser a hipocrisia social mostrado em 'Album de Familia'. 
Os personagens foram todos bem interpretados pelos artistas concluintes....claro que dentro das condições emocionais da primeira vez, mas com certeza muito foi melhorado desde o primeiro dia da estréia até término da temporada. E muito irá melhorar ainda, pois cada dia é sempre uma nova estréia! 
A ressalva fica por conta do espaço físico que prejudicou bastante o brilhantismo da peça, pois uma produção como a que foi realizada, deveria ter sido mais valorizada e apresentada em outro espaço, não desmerecendo o local onde foi apresentado, mas ela ( a peça ) requeria uma platéia localizada acima do palco, para que a visão global fosse facilitada aos assistentes, evitando assim o vai-e-vem de cabeça para acompanhar os personagens "espelhados e espelhantes". Com a falta disso, muito se perdeu - e azar o nosso-platéia, pois quem conseguiu absorver tudo o que se passou na peça conseguiu, quem não conseguiu não conseguirá mais.
Saí do teatro com uma interrogação - e acredito que outros também saíram - Por que o Palácio das Artes não cedeu seu espaço para este evento, afinal era a 'peça-formatura' dos artistas que estudaram por todo o tempo em seu próprio espaço...??? 
Teria sido um enriquecimento mútuo, além de oportunizar maior valorização de seu próprio investimento...

Um pote de OURO-MERDA para coroar a estréia daqueles que fizeram este "Album de Família" no mundo da arte!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

PARAR PRÁ QUÊ






   
 

    A ociosidade do tempo é rica em criatividade; falo isso porque ela acontece em momentos em que ficar sem fazer nada se torna doloroso, por que muitos encaram o ficar sem nada fazer como atos preguiçosos (e alguns realmente o são – mas isso não é um determinante!) e por isso somos censurados. 

   Falo dos momentos em que parar é apenas a diminuição de atividades e não a parada que se dá nos momentos de depressão, em que entramos em crise e nos quedamos sem alma, ou como preferir - sem ânimo! 

   A força de vontade deve prevalecer acima de tudo, porque não é fácil ficar sem atividades. Experimente fazer uso da prática de meditação. Apesar dos benefícios poucos são os que os conseguem, até por que, para praticar a ociosidade criativa, também se faz necessário à prática do silêncio (tanto o interno como o externo) e o nosso mundo está cada vez mais barulhento e a nossa sociedade estimula cada vez mais o não parar; contudo é preciso experimentar ir além, buscar mais tempo principalmente para si mesmo.

   E com anda a alma da vida?

   Ela está desanimada, alquebrada, perdeu completamente o rumo, está sem sentido, triste pelos cantos da casa, porém deveria estar em constante animação, com muito mais coragem- afinal ela já passou por tantas – suficiente para dar vigor e energia ao próprio corpo sintonizando-o com o universo. Mas esse não deve ser o motivo da vida que desejamos ter.

   Mas o que podemos fazer então?

   É preciso levantar e andar. Levantar para o mais alto de nós e enxergar os efeitos deste ato no espírito cansado; mirar ao longe vislumbrando o horizonte que aponta caminhos e neste ponto estar consciente de que se segue à frente em busca de um futuro melhor e mais evolutivo; para o alto na preparação do corpo e da mente do ser que habita o aqui e agora e está no processo em que treina ser feliz. 

   E é com esta perspectiva que se dá a criação. Criar é expandir a si mesmo, é colocar a alma em ação para que ela possa ouvir o eco das montanhas no farfalhar das plumas das aves e no piar do vôo dos pássaros na amplidão do céu.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Bulidos, mas não abolidos


O homem, lamentávelmente, pela ânsia do ter mais, do poder mais,sempre está a subjugar homens, torná-los nulos diante da sociedade; para isso não mede esforços nem consequências de seus atos. Assim, em todas as épocas existiram homens escravizando homens, esquecidos de que foram criados indiscriminadamente pelo mesmo Deus.
Infelizmente, na terra onde outrora havia a liberdade de ir e vir, chega também o regime abominável, trazido pela ambição e pela preguiça física de batalhar pelo desenvolvimento sadio e cristão e pela mente diabólica que maquinava crescimento econômico em detrimento de seres que, além de serem obrigados a sequestrados seu país, sua tribo, sua família, eram submetidfos a toda ordem de injustiça, desde a social à religiosa, passando pelo abandono de sua cultura nativa, o que fazia com que sua própria condiçao humana fosse relegada a de animal, sem vontades, sem alma, um zero à esquerda, apenas.
E buliram na condição de escravos, mas se esqueceram de que necessitavam também de condições sociais e materiais para transforma-los novamente no que eram: senhores de sua vontade e de sua vida.Esqueceram de que tiraram de sí a razão de viver: o trabalho e os deixaram ao Deus dará... como se deixa um brinquedo velho, no canto de um quarto qualquer.
Hoje temos uma nação típicamente afro-brasileira que tenta encontrar seu lugar na sociedade. Mas que sociedade é essa que lhe reserva como morada os morros, as favelas, o submundo?
Que sociedade é essa que só lhe reserva poucos ( ou nenhum) bancos de escola e como educação, as ruas que lhes dá lições de vida'quase sempre' nefastas, que o conduz à marginalização maior?
Que sociedade é essa que o denegride e ataca em vez de dotá-lo do que lhes tiraram: a terra e a soberania de um povo.
O mínimo que se poderia fazer resgatando-lhes a História e entregar 'os louros' a quem o merece.
Em vez de laurear princesas izabéis da vida, deve-se lembrar de que o mérito nacional na luta pela abolição se deve ao verdadeiro senhor, gerador da riqueza no Ciclo do café, da Cana-de -açucar e no Ciclo do Ouro: o negro!
Ele deve ser resgatado nas suas raízes, na sua cultura e na sua profunda fé pela vida, pois foi ela ( a fé ) quem o sustentou até nossos dias e por muito ainda o sustentará.
O negro deve ser libertado de sua condição de oprimido secular para voltar a ser livre do preconceito que lhe caiu sobre os ombros como um madeiro crucial oferecido pelo branco que, esquecido da irmandade pregada por Cristo, também o crucificou naqueles que trocaram sua vida pela sonhada liberdade.

sábado, 10 de maio de 2008

LEMBRANÇAS MATERNAS



Quanto tempo faz, não sei,

perdi a conta dos dias que andaste por aqui.

Muitos nascer e morrer de dias se sucederam.

Ainda lembro o teu olhar ora triste ora alegre

Teu jeito de falar sempre voltado ao passado

(se feliz, não sei )

Teus passos miúdos, cansados da longa caminhada

E a voz já calada pelo tempo ou por nós...

hoje emudeceu!

Teu afeto teimoso, tua insistência na dependência de mim

A segurança filial que por mim sentias

confortava as dores que causavas.

Foste forte em tuas dores,

Foste fiel nas amizades,

Foste firme na tua fé.

Hoje sinto falta de ti

Como outros sentirão um dia de mim.

Te amei - penso que sabes

Me amaste - penso que sei.

Onde estiveres neste espaço de meu Deus

desejo que estejas muito bem,

bem mais feliz do que quando por aqui viveu.

Feliz dia das Mães!

sábado, 3 de maio de 2008

Estrelas em caminho



O que aprendi vivendo com...



01. Por um ideal perdemos a vida. (Dalton Godinho Pires)

02. Só amamos a quem queremos amar. (Heleno Costa)

03. Adoramos sofrer. (Minha mãe)

04. Nossa melhor aprendizagem se dá com as pessoas a quem admiramos. (Luzânia)

05. Ambição traz infelicidade e destrói sonhos. (Juracy)

06. Pagamos caros pelas nossas opções. (D.Mário Zanetta)

07. A acomodação só nos traz insatisfações. (Lilia)

08. Mudamos na hora exata em que decidimos mudar. (Cecília)

09. Amar só não basta. (Zé Borges)

10. Abandonar tudo para viver um sonho. (Ariane)

11. Persistência sempre traz vitórias. (Ariel)

12. Insistir no que já perdemos nos destrói. (Duca)

13. A fé mostra-nos o caminho. (Jovelina)

14. Estar satisfeito com nós mesmo é a máxima da vida. (Tata Tavares)

15. Ninguém precisa de ninguém para errar. (Daniele)

16. Estar grato é sempre lembrar. ( Paulo Gomes )

17. Nem sempre viver juntos é o melhor. ( Ivone )

18. O que quero é sempre o mais importante. (Araceli)

19. Para algo dar certo o silêncio ajuda. ( Rosangela)

20. Mulher é artigo de luxo. ( Alda)

21. Amizades, só em raríssimas exceções não decepcionam. (Nildo)

22. Jamais deixar-se levar pelas primeiras impressões. ( Mônica )

23. A ambição fala mais alto quando existem interesses pessoais em disputa. (Adelaide)

24. Precisamos apenas de uma chance para o caminho de volta.

( Zé Maria )

25. Perdão tem limites. ( Jesus Cristo )



O que aprendi nas experiências vividas...


01. Na literatura: “estamos aqui, neste planeta, apenas para aprender a viver e amar...”

02. No vestibular: “... estamos na luta pra sobreviver.”

03. Na Música: “Viver é melhor que sonhar.”

04. No trabalho: “Vivemos em dois extremos: mesmo sendo amigos, somos patrão e empregados. ”

05. Na religião: “A fé termina onde começam os interesses".

06. Na família: “ Guerreamos a guerra fria na constante relação de poder.”

07. Na amizade: “Um pulo no escuro.”

08. Na solidão: “O coração sempre chega primeiro.”

09. Nas decisões: “A sensatez é uma virtude.”

10. Na morte: “Só o amor levamos para a eternidade.”



Na relação intra-pessoal:


“Razão e emoção tem que estar em equilíbrio.”

“Trabalho vem antes de sucesso.”

“A fome ensina a valorizar coisas.”

“As perdas ensinam a valorizar as pessoas.”

“O silêncio ensina o caminho para o desenvolvimento espiritual.” Muito barulho é sinal de fuga da realidade interior.”

“Dizer sim é pior que dizer não.”

“Sempre é um momento que não existe.”

“Nunca é um tempo que não aconteceu, portanto também não existe.”

“Longe não é medida de quilometragem.”

“Tempo é algo preferencial”.

“Morte não é coisa que de repente acontece: estamos nos a+morte+sendo em todos os momentos.”

“Sou meu próprio céu e meu inferno.”

“Vida versus Morte: muito barulho por nada.”



A Vida é um longo processo de mudanças causadas por aprendizagens, as quais como professores, são presentes de energia criadora e transformadora. O elemento argila transmudando em cristal bruto que se lapida todas as vezes que se choca com outro elemento igual a si mesmo, na tentativa de aparar arestas mútuas para tornarem-se ricas e preciosas jóias .


É preciso dar tempo ao homem para ‘roer’ sua própria pedra!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

ODE AO AMIGO



E te foste, meu amigo e companheiro.

Não sei se por longas lutas,

ou cansado da vida,

ou se vencido pelo tempo.

E foste tão de repente..,

atrás de ti, tantas e quantas vozes...

umas gritavam, outras se calavam.

E foste aumentando as águas do rio,

que então, as faces inundaram.

Foste, meu amigo e companheiro,

dono das estradas empoeiradas do sertão.

O canto do Uirapuru,

o canto do Acauã soam baixinho,

é tristeza, é desalinho,

é saudade, é saudade.

Saudade da tua voz, dos olhos teus.

Na estrada feita pelos teus caminhos

soa fundo num murmurinho:

“...adeus vagabundo, adeus...

eu choro por que sou um dos teus...”

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Síntese do medo




Uma solicitação de email e uma resposta simples, lacônica e porém, complexa, imbuída de um sentimento que toma conta da maioria dos seres viventes neste planeta: o medo.

Parei no meio da noite e refleti sobre este sentir e me vi no meio da multidão, olhando se soslaio para os lados, segurando a bolsa fortemente, num medo meio absurdo, meio fora de hora e de contexto, ou talvez, repleto de todas as horas e nem tanto absurdo assim, num grito preso a garganta de ‘pega ladrão’ !
Continuo andando às pressas, atravesso a praça e compro um bilhete que irá realizar velho sonho. De repente uma angústia vai tomando conta de mim, minha pulsação se acelera e me vejo estática, com o imaginário solto, até dores sinto pelo corpo, o sangue jorrando na testa – é o acidente eminente que me assalta e me quedo com a passagem na mão...parada!
Parada mas com a cabeça a mil por hora, pois o futuro está bem ali, a minha frente, mas como ir adiante? O futuro é como um grande salto num vácuo tão profundo que não se enxerga o final. É o desconhecido, a incógnita e como chegar lá sem um arranhão, sem um safanão?

Tenho medo das sombras, das trevas, da escuridão. De onde me surgiu este pavor? Quando esses elementos me foram pela primeira vez apresentados? Não sei.

Tenho medo do diabo – esse malfazejo que povoa todos os meus pecados, castigando-me em nome de Deus.

Estou doente, muito doente. Melhor dizendo, estamos todos muito doentes. Sofremos de uma virose pragmática, disseminada ao longo do tempo: o medo.

Este vírus está em tudo e em todos, fazendo-nos prisioneiros de nós mesmos. Já não arriscamos nada, estamos inertes diante desta praga que assola nossa mente e nosso coração, impedindo-nos de estar prontos para a vida, então estamos mortos, lamentávelmente mortos em vida pois até de nós mesmos já temos medo. Quem ainda não ouviu pelo menos uma vez na vida alguém dizer: “ ...tenho até medo de mim mesma e do que sou capaz...”

É a violência que nos empurra para este abismo onde a percepção visual é anuviada nos impedindo um sentir intenso de que só nos libertamos no momento da descoberta de estarmos aqui, companheiros de estrada, vivendo coisas comuns e devendo ter medo apenas de sentir medo e injetando-nos assim deste antídoto, na nossa mente e no nosso coração, estaremos prontos para combater a epidemia do século – que mal se iniciou – o vírus do medo-NHO.


segunda-feira, 28 de abril de 2008

ÊXITO OU FRACASSO?



      
   São muitas as oportunidades para se criar relacionamentos e todas com fortes chances de êxito ou fracassos.
   Mas por quê isso? 
  Porque somos antes de tudo humanos e podemos ou não desenvolver o êxito em nossos relacionamentos amigáveis, fortalecidos em clima de sinceridade e confiança mútua, daquelas que sentimos vir de dentro ou além da nossa percepção. 
  Um relacionamento visceral é o ideal para vingar no futuro, onde o outro é sentido e percebido como "parte de seu", que fica - quando vai embora e se esvai num doce lamento em momento de tristeza. 
   Não se fala, mas se sente em demasia. O seu contrário se dá quando há a ausência das falas, do sentir. As ações se esvaindo de sentido e de verdades que mandam para bem distante todo o resquício do querer estar por perto. É notado até, de bem distante, o fracasso do relacionamento.
   Enquanto no relacionamento de êxito,  sempre desejarmos começar de novo, no de fracasso gostaríamos de passar uma borracha apagando-o para sempre da nossa história, apesar dele também ser uma fonte de enriquecimento pessoal.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

RESSURREIÇÃO



Uma luz vem em busca dos homens, mas onde estão os homens?

A luz desce a montanha, flores se abrem dando passagem ao ser divino.


Ontem eu os vi perambulando a vida.

Alguns dormiam o frio das mãos nas calçadas vazias...

Outros tinham a tigela vazia de solidariedade nas mãos.

Alguns gemiam suas dores em entranhas entorpecidas,

Outros cheiravam sua fome, confundindo sapatos com nariz

Em pequenos sacos de cola.

Alguns choravam um leito, uma injeção, um comprimido

Em portas de hospitais.

Outros esperavam o abraço paterno na solidão de orfanato

E o beijo filial na desolação de abrigos...

...ah, outros também saíam a bailar...

....a cantar lindas canções de amor e paz,

indiferentes em carros possantes,

em brindes intermináveis,

em diversidades de pratos

em mesas festivas para grandes comensais.


Uma luz desce a montanha

Estende seus raios e eles são de esperança:

Que o amor triunfe,

que todos sejam amados e acolhidos

para renascerem na terra pelo pão e pela paz.


Não esqueça a Ressurreição na calçada.

Não isole a Ressurreição nos abrigos.

Não abandone a Ressurreição nos orfanatos.

Ame a luz!

Ame o Amor!

Ame a energia criadora da fé e da esperança.

A luz desce a montanha para seu coração.


Faça a Páscoa ser diferente:

Nem ovinhos nem coelhinhos: JESUS!

O Cristo Ressuscitado ansioso pela

Sua cooperação na Construção da Vida!