quinta-feira, 21 de agosto de 2008

SUBLIMAÇÃO DE AMOR



Chega o dia em que vemos despertar em nosso peito uma explosão de sentimentos que eleva para o ar partículas energéticas que se expandem cada vez mais.
Dá uma grande emoção a sensação de um olhar de ternura sobre nós... Neste frêmito emotivo pairamos no ar como de levitássemos num êxtase oracional.

Este sentir é um enorme gerador de energia que impulsiona à ação e com ela aprendemos a ser coletivos.
Não há mais o eu; somos o nós, posto que " não é possível ser feliz sozinho". E buscamos o outro não mais para a satisfação de nossos desejos, mas para juntos evoluirmos como seres amorosos.

Esse processo induz ao surgimento da amizade - forma de amor com doses menores de emoções negativas - porque estão no âmago do ser humano, na busca incessante do não isolamento, da presença edificante de um ser que é o complemento de vida.


É um sentir visceral que surgindo de dentro para fora se expande e na ausência se eterniza.

Percebe-se que o ser amado nada mais é do que o aqui e o agora do amor, pois mesmo que parta, fica dentro de nós - e somos a morada do amor.
Mesmo distante existe a saudade onde está a presença do que se foi; há a voz e a imagem na recordação que, num simples fechar de olhos traz de volta ao presente o passado há muito ido.
Há além de tudo a certeza de que ainda nos encontraremos, pois o amor está contido na eternidade que somos nós.

domingo, 17 de agosto de 2008

CORROSÃO DE AMOR


Muito se tem alardeado as falas de amor: nelas se juntam como ingredientes fermentados sentimentos de desejos e paixões... Claro que isso é bom. É o cheiro da pele do outro que seduz, é o toque arrepiador, o sabor do beijo que inflama todas as nuances do rubor do climax. E isto nos acostuma.
Acostuma mas não devia, porque deste costume meio"fora de nossa hora e de nosso espaço" é que começa a existir a rotina que antecede as mudanças no sentir do amor. E é este o momento em que se inicia o processo de tentar possuir o outro ao em vez de querer estar com o outro, e quando menos se espera surge o ciúme, que nada mais é que o medo de perder, mas pensando bem perder o quê, se a ninguém possuímos e ninguém é objeto comprável em supermercados ou em shopping center? Imbuídos então por este sentir se parte indubitavelmente para um policiamento cirrado ao outro. Telefonemas são vigiados, emails lidos às escondidas e se, não se vai atrás do outro qual detetive, uma varredura ( quase total, se assim fosse possível) é feita na vida do outro. Se deseja tornar-se sabedor até dos pensamentos!!!
E corroe-se em sentimentos negativos, anula-se em favor daquele a quem se julga amar e o que é pior é que tornamo-nos invisíveis! No entanto desejamos aprisionar o ser amado (?) a todo custo e o sufocamento que isso provoca vai cerceando o sentir do outro, até chegar a exaustão, a fuga e o esquecimento de nós. E a tudo isso ainda chamamos de amor até percebermos que ao correr tanto atrás do outro, nos esquecemos ou nos perdemos à beira do caminho.

Pode-se até achar isso um tanto óbvio, mas é no óbvio, exatamente por ser tão óbvio, que é subestimado, então pecamos contra nós mesmos e depois muito nos arrependemos...